top of page

Domingos Montagner

O ano de 2016 trouxe surpresas para o LaMínima. A dupla de palhaços Agenor e Padoca, nascida em 1997, fruto do encontro de Fernando Sampaio e Domingos Montagner no final dos anos 1980 no Circo Escola Picadeiro, não existiria mais. A parceria desses dois grandes atores circenses chegava ao fim, com a morte acidental de Domingos no Rio São Francisco, em setembro. Aos 54 anos, o ator que dividia as criações do LaMínima com Fernando saiu de cena, deixando um legado de 14 “filhos”, 20 anos de história e um exemplo de generosidade como artista e ser humano.  

 

Domingos iniciou no teatro através do curso de interpretação de Myriam Muniz . Sob sua direção realizou dois espetáculos: “Maroquinhas Fru-Fru”, de Maria Clara Machado e  “...e assim vai o mundo”, com roteiro dela própria inspirado em poemas de Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira e Juó Bananére.

 

Um interesse plástico, proveniente da experiência como ilustrador, fez com que procurasse o Teatro de Animação onde conheceu Beto Andretta e Beto Lima. Juntos criaram a PIA FRAUS TEATRO, o que favoreceu a condução de seu rumo teatral em direção a pesquisa de diversas linguagens.  Aqui sempre esteve presente a importância do desenvolvimento do trabalho corporal do ator.  Por isso o estudo com diversos profissionais da dança, como Ruth Rachou, Denilto Gomes, Ana Mondini  e Adriana Grechi entre outros, foi e continua sendo de fundamental importância para a construção de seus espetáculos. Assim como o circo: sua capacidade de comunicação e seu risco iminente, tornaram-se fundamentais na continuidade de sua trajetória artística.

 

A aprendizagem da arte circense iniciou no Circo Escola Picadeiro em 1989, ali aprendeu e desenvolveu várias técnicas circenses, em especial o trapézio volante com José Wilson Moura Leite e a arte do palhaço com Mestre Roger Avanzi, o Palhaço Picolino. Em 1994 foi à França aperfeiçoar as técnicas de trapézio voador na Escola Nacional de Annie Fratellini e na Escola de Trapézio Volante de Jean Palacy. Ainda na escola Picadeiro em 1992, conhece Fernando Sampaio com quem começa, a partir de apresentações de rua, a desenvolver uma dupla inspirada na arte dos palhaços de circo. Em 1997, oficializam a parceria, criando o La Mínima com o espetáculo “Companhia de Ballet”. 

 

Em 1999, buscando aprimorar a arte do palhaço, realizam uma oficina em Roma com Leris Colombaioni, mestre de uma das mais importantes famílias circenses da Europa, momento este fundamental para a consolidação da dupla.

 

Domingos foi um dos fundadores da Central do Circo, centro de pesquisa e prática das artes circenses que funcionou em São Paulo de 1999 a 2003.

 

Em 2003, junto com mais nove artistas fundou o Circo Zanni, um circo itinerante que busca resgatar a importância dos circos de pequeno e médio porte na vida cultural das cidades e também apresentar a produção da arte circense contemporânea.

 

Ao longo dos 20 anos de La Mínima, Domingos manteve a generosidade sempre presente. E assim conceituava a arte do palhaço, “ (…) uma arte exigente, que pede vocabulário e apuro técnico dos seus intérpretes, anos de prática, um profundo conhecimento da alma humana e acima de tudo, generosidade”.

E dizia que antes do fim, se houver, o LaMínima possa seguir adiante comemorando 20, 25, 30, 50 anos de trabalho, oferecendo ao público o melhor da arte circense, fazendo rir e se emocionar a cada nova montagem.

bottom of page